Padre Jaime Pereira: Nossas Imagens

Padre Jaime

Nossas Imagens

"E importante distinguir a imagem do seu protótipo imaterial e invisível, isto é, afigura de alguém que a imagem representa", esclarece Pe. Jaime Pereira

 O texto bíblico (Exôdo 20,2-6) tem sido muito usado para atacar católicos por causadas nossas imagens.

Que fique bem claro: o referido texto não nos proíbe confeccionar estátuas ou retratos dos heróis da história ou de pessoas que nos são gratas. Também não nos é vetado o direito de ornamentar nossas casas com pinturas ou esculturas de santos(as), animais, plantas eflores. A proibição reside em fazertais esculturas ou pinturas PARA ADORAR, isto é, chamá-las de Deuse prestar cultos a tais objetos. Isso é que a Bíblia chama de idolatria – o que não é o nosso caso.

Temos sim nossas imagens e as veneramos pelo que elas representam. Elas trazem às nossas lembranças atos heróicos, virtudes a serem imitadas e exemplos edificantes que não devem ser esquecidos.

A gravura que ilustra o artigo foi colhida na catacumba de Santa Domitila (Roma) e é um testemunho eloquente do carinho que o povo cristão já nos primeiros séculos do cristianismo devotava à mãe de Jesus.

A simples contemplação da imagem de Jesus, da Santíssima Virgem ou dos santos(as) cria um clima favorável à oração. O apreço dos cristãos às imagens de santos(as) tem varado séculos.

Hypatios, Arcebispo de Éfeso, no século VI, referindo-se às imagens escreveu: "permitamos às pessoas mais singelas e portanto menos perfeitas, iniciarem-se nesta sorte de coisas através do sentido da vista, mais adequado ao seu desenvolvimento natural".

São Gregório de Nisa, muito antes, considerava as imagens como "os livros dos analfabetos".

São Tomás de Aquino acrescenta que "as imagens são úteis para a memória e que as emoções se

estimulam mais eficazmente com as coisas vistas do que com as coisas ouvidas"

É de São Gregório Magno esta frase: "Uma coisa é adorar um quadro, outra é conhecer por meio da história ou do tema do quadro o que deve ser objeto de adoração. Porque a Escritura ensina àqueles que lêem, um quadro ensina os iletrados assim que o contemplam".

São João Damasceno Valente ensina: "ao erigirmos uma imagem de Cristo num lugar qualquer, apelamos para os sentidos, e sem dúvida santificamos o sentido da vista, que é o primeiro dos sentidos perceptivos". É importante distinguir a imagem do seu protótipo imaterial e invisível, isto é, a figura de alguém que a imagem representa. Erro seria confundir o corporal com o incorporal, a imagem material com seu protótipo como se fosse uma coisa só, ou - o que é pior! - considerar a imagem como um ser vivo.

Estamos na grande festa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, quando o carinho do povo devoto coloca  a imagem da Virgem Maria numa berlinda esplendorosa para a grande caminhada pelas ruas da capital.

Não se pode negar! É um acontecimento ímpar que emociona a todos os que dele participam. A mãe de Deus bem merece esta homenagem por ter respondido SIM aos apelos de Deus aceitando a honrosa e ao mesmo tempo árdua missão de trazer até nós Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.

É impressionante o poder de atração que tem a imagem da "santinha" para todos nós paraenses.

A Igreja Católica apoia estas homenagens e não poderia deixar defazê-lo. Maria acolhe todas as manifestações de fé e religiosidade dos devotos e o seu Filho compadecido agradece.

 

Pe. Jaime Pereira

Diretor Espiritual do Seminário São Pio X